Segunda, 20 Setembro 2021 20:18

Marli Walker é empossada na Cadeira 2

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Ela se define como “uma mulher do oeste. talhada para a luta”. Reconhece pertencer ao Mato Grosso, até mesmo como expressão do puro sentimento de gratidão, por tudo o que é, e pelo que se tornou. Estas foram as palavras da presidente da Academia Mato-Grossense de Letras-AML, Sueli Batista ao dar posso para a novel acadêmica, Marli Terezinha Walker, que passou a ocupar a Cadeira 2 da instituição, na noite de 14 de setembro, em solenidade oficial na Casa Barão. A acadêmica Marta Helena Cocco fez o discurso de recepção. A Cadeira 2 tem como patrono Joaquim da Costa Siqueira e já foram ocupadas por Gervásio Leite, Satyro Benedicto de Oliveira e Marília Beatriz de Figueiredo Leite.

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O secretário de Cultura, Esportes e Lazer do Estado de Mato Grosso, Alberto Machado e a secretária de Cultura do Município de Cuiabá, Carlina Jacob; ocuparam a mesa de honra, juntamente com Moema de Figueiredo Leite e Juliana Isabel Walker, respectiva irmãs da última ocupante e da empossada.

Sueli destacou que Marli “ a novel acadêmica que adentra este sodalício, no mês do centenário da Academia Mato-Grossense de Letras. Não esconde a sua pretensão de marcar o seu território, trazendo junto a literatura que é sua vida e o feminismo, que considera uma filosofia a pautar suas ações. Traz também o diálogo construtivo da poeta, da escritora, da professora, da pesquisadora e, a voz da floresta que tanto ela ouviu e sentiu a respiração”.

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Marta Cocco também mencionou o centenário da AML e disse que “pela primeira vez, uma voz lírica que ecoa desde o Norte de Mato Grosso. Uma voz que brota nas entranhas do sertão e floresce Brasil afora num ritmo pulsante, afetivo, firme e essencialmente feminino. Estas paredes que acolhem a nova acadêmica emolduram retratos de patronos homens, apenas; as quarenta cadeiras que se completam por ora, ainda denotam desproporção de gênero”, frisou. Destacou também que perdurou por milhares de anos, a ancestralidade enraizada nas quarenta e quatro etnias indígenas que sobrevivem em Mato Grosso e que ainda não entraram na Academia. “Mas hoje, a despeito de lacunas e desproporções, celebramos um acréscimo.Quem assina a voz lírica que toma assento na cadeira número 02, nesta noite, é Marli Terezinha Walker”, salientou.


A empossada, por sua vez destacou que ela não estava chegando só. “Venho do extremo oeste catarinense, depois de haver percorrido a longa travessia que foi a Marcha para o Oeste, rumo ao nortão amazônico de Mato Grosso. Venho trazendo comigo os caminhos sem fim do sertão brasileiro, as canções e instrumentos populares, a poesia e as trovas simples do povo, mas trago, sobretudo, a perspectiva feminina sobre o que somos, projetando expectativas para um futuro que possa tornar nossa sociedade e nossa Arte menos exclusionárias e mais democráticas”.

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Marli disse que assim como Marília, ela era partidária da ideia de que “nossa existência só fará sentido quando alcançarmos o outro, quando fizer também sentido para o outro. Para isso, o acesso aos bens simbólicos e culturais deve ser assegurado aos que estão à margem dos grupos detentores do capital intelectual”. Disse ainda ser por meio deste filtro que ela olha para o futuro. “Quando uma menina olhar para mim, assim como eu um dia olhei para as acadêmicas desta Casa, e assim como eu, ela pensar: eu posso estar também neste lugar. Quando o pensamento decolonial deixar de ser uma filosofia para se tornar uma prática, quando a pluralidade de vozes e estilos for a tônica do convívio social, poderemos vislumbrar uma sociedade mais justa e inclusiva”, vaticinou.


Participaram também dos momentos oficiais e de reconhecimentos durante a cerimônia: Olga Castrillon Mendes, Lindinalva Rodrigues, Elizabeth Madureira, Lucinda Persona, Nilza Queiroz Freire, Cristina Campos, Aclyse de Mattos, Sebastião Carlos Gomes de Carvalho e Eduardo Mahon, sendo ele o acadêmico que colocou a pelerini na empossada.

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Após a cerimônia os convidados foram recebidos com coquetel no salão social, pois não faltou nem a chuva para abençoar uma noite de muita luz e integração. A parte musical do evento foi executada por Ceci Dossa, que cantou “MAR”, no salão nobre, composição escrita por Marília Beatriz. No salão social apresentaram-se violeiras e violeiros do Pantanal, participaram: Débora Ormond, Helenir Resende, Lívia Comar, Paulo Henrique, Paulo Lima, Geraldo Carneiro, Ronaldo Branco e Ivo Antonio.

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