Segunda, 04 Dezembro 2023 16:47

Academia aposta em ações inclusivas

Escrito por
Avalie este item
(0 votos)

"Tradição e Inclusão". O nome da chapa que foi eleita em meados de setembro passado, para conduzir a Academia Mato-grossense de Letras, nos próximos dois anos. A AML é uma das instituições mais antigas do Estado, com mais de 100 anos de trajetória. Encabeçando a chapa, Luciene Carvalho, que gosta de se definir como "mulher preta, periférica e que graças ao ensino público teve a chance de estudar".

Compõem a chapa os escritores Flávio Ferreira – como vice-presidente -, Cristina Campos, que assume a função da Secretaria e Agnaldo Silva, como tesoureiro. Para o Conselho Editorial, que cuida das publicações, estão Marli Walker, Elizabeth Madureira e Olga Castrillon Mendes. Já para o Conselho Fiscal, Lorenzo Falcão, Marta Cocco e Eduardo Mahon. “Essa conquista é da AML também. É uma escolha que traduz a sintonia da casa com um novo momento social. Isso é ousado”, celebrou Luciene.

Luciene

Luciene gosta de se definir como"mulher preta, periférica e que graças ao ensino público teve a chance de estudar"

 

Um fato inusitado da eleição de Luciene Carvalho, que chamou a atenção da mídia, merece o registro. Ela tornou-se a primeira escritora negra, no Brasil, a assumir a presidência de uma Academia da Letras. Uma constatação que só se deu após a sua eleição e que, vale frisar, está de acordo com o nome da chapa: Tradição e Inclusão.

Luciene e praticamente toda a sua equipe militam, há vários anos, na cultura mato-grossense. Em comum, esse grupo de escritores tem o desejo de abrir as portas da AML e inserir nas ações institucionais uma forte pegada social, promovendo na programação iniciativas que contemplem negros, indígenas e pessoas LGBTQI; segmentos da população que são classificados como minorias.

 

apresentação

O Siriri Quilombola, da comunidade Mata Cavalo, fez uma apresentação vibrante

 

Cerimônia de posse

 

Durante a posse da nova chapa, em 30 de setembro passado, a Casa Barão, prédio histórico onde está situada a AML, cerca de 400 pessoas prestigiaram a cerimônia, entre elas, representantes dessas "minorias", que compareceram maciçamente, fazendo valer a diversidade humana. Uma resposta tão imediata, quanto justa e necessária para o enriquecimento da cultura.

A posse ocorreu no Salão Nobre da Casa Barão e foi bastante prestigiada, com a presença de lideranças políticas, além de um grande número de representantes da comunidade cultural, atuantes em todas as artes. O evento tornou-se uma grande confraternização, num clima de alegria e emoção. A Academia recebeu um público diverso e representativo de todos os setores da sociedade.

Cabe aqui outro acontecimento notório envolvendo essa transição. Pela primeira vez uma presidente passa o cargo para outra mulher, promovendo mais que uma revolução de gênero na instituição, que, pela quarta vez, em 102 anos terá uma representante feminina no comando da gestão. Sai a jornalista, escritora e empreendedora, Sueli Batista e entra Luciene Carvalho, que dedica-se quase que totalmente à literatura, além de ser diretora teatral. A nova presidente costuma dizer, com orgulho, que vive da poesia.

 

cantora

A cantora Sophie Silva interpretou famosa ária de Georges Bizet

 

Como destaque na cerimônia, em vídeo projetado na parede do Salão Nobre, Gerald Thomas, autor e diretor de teatro brasileiro com carreira internacional, fez uma saudação à Luciene Carvalho. Outros momentos artísticos também abrilhantaram a ocasião: a cantora Sophie Silva interpretou a ária “Habanera”, da ópera “Carmen”, de Georges Bizet; o grupo de percussão Anjos da Lata fez a sua performance; e o grupo de Siriri Quilombola, da comunidade Mata Cavalo fez uma apresentação vibrante ao final, animando o público presente. Uma noite memorável, um marco para a história da Academia Mato-grossense de Letras.

Ler 161 vezes Última modificação em Quarta, 06 Março 2024 17:20