A instituição, perseguindo sua vocação, escolheu duas vertentes de trabalho no campo da preservação da memória:
A primeira incorporando ao acervo bibliográfico da Casa Barão de Melgaço a Biblioteca da Profa. Elizabeth Madureira Siqueira e referente a Mato Grosso e à área de História. Levado para a sala do Ponto de Cultura, o conjunto de livros e álbuns foram devidamente catalogados e colocados em estantes, sendo duas delas doadas pela citada professora e as demais do mobiliário da Casa Barão de Melgaço, mandadas restaurar, perfazendo um total de 1.040 exemplares de Mato Grosso e 528 de História Geral e do Brasil.
Como segunda e igualmente importante vertente, optou-se por digitalizar toda a originária produção intelectual manuscrita e impressa da Família Rodrigues, Firmo José Rodrigues e Maria Benedita Deschamps Rodrigues (Dunga), mas também o fantástico acervo fotográfico acumulado pela Família, de cerca de mais de 400 imagens.
Para conseguir identificar as imagens, nos apropriamos da sobrinha-neta de Dunga, Regina Saldanha, que se predispôs a acrescentar dados sobre as fotografias, indicando as pessoas, vinculação de parentesco ou amizade com a Família Rodrigues, assim como acrescentar dados que considerasse necessários. Essa ajuda foi de muita importância para explicar condizentemente as imagens fotográficas.
Firmo e Dunga publicaram seus escritos e poesias em livros e em diversos periódicos de Mato Grosso, entre as décadas de 1920 até 1999, aproximadamente. Nessa medida, buscamos digitalizar essa expressiva produção, porém, muitos escritos, especialmente os de autoria de Dunga já se encontravam publicados, porém alguns ainda se mantiveram inéditos, o que nos levou a reunir uma parte deles e dar a lume neste livro.
Pai e filha escreveram muito sobre Cuiabá, seu cenário urbano, habitantes, hábitos, costumes e universo cultural, político e mítico. A presente obra é um presente que o IHGMT, através do Ponto de Cultura, oferece à Família e à comunidade em geral, pois ambos conseguiram recuperar em seus escritos paisagens, episódios e personalidades que estariam olvidados para sempre.
Depois de reunidos os escritos inéditos de Dunga, optamos por publicá-los, compromisso que o IHGMT assumiu em 2001 por ocasião da chegada das suas cinzas, pois ela faleceu na cidade paulistana de Santos, tendo sido ali cremada. No culto católico, organizei um opúsculo em sua homenagem, contendo notícias publicadas por ocasião de seu falecimento, assim como alguns artigos escritos por amigos.
Meses após seu falecimento, a Família entrou em contato comigo, na qualidade de Curadora da Casa Barão de Melgaço, oferecendo o acervo acumulado por Firmo e por Dunga, dando-nos total liberdade de escolher o que seria mais significativo.
Nessa medida, foram levados para a Casa Barão de Melgaço a biblioteca, as fotografias, os escritos, objetos e também o mobiliário. O imenso acervo foi apoiado pelo CNPq/Projeto Norte, isso entre 2002 e 2004. Com o recurso foi possível treinar os bolsistas (alunos do curso de História da UFMT), adquirir material permanente e de consumo. O projeto teve a duração de 2 anos, apoio imprescindível para que fosse realizado o trabalho de separação, higienização e catalogação, além do acondicionamento em caixas e restauro do mobiliário, o que garantiu sua preservação.
Agora, a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (SECEL-MT) brindou o IHGMT com a aprovação do Projeto Ponto de Cultura, possibilitando digitalizar toda produção publicada e inédita de Firmo e Dunga Rodrigues.
Assim, o presente livro está dividido por temáticas, a saber: Poesias, Cotidiano romanceado, Vultos da Literatura de MT, Educação, Poder, Figuras Anônimas, Cotidiano em Cuiabá, Datas Festivas, Universo Mítico, Casas Cuiabanas, Teatro e Discursos.
Em cada tema estão enfeixados textos hoje raros e preciosos, ou que ainda não foram publicados. Considerando que esta obra é fruto o esforço do IHGMT nos investimentos no Ponto de Cultura (SECEL), achamos por bem socializar as apresentações entre os membros da nossa Instituição, os quais colaboram apresentando as temáticas. A quantidade da produção de Dunga variou de acordo com os temas e foram manuscritas em pequenos cadernos, blocos ou em folhas avulsas, hoje digitalizadas.
O cuidado editorial exigiu a digitação e posterior conferência das imagens com o original, Foram muitas horas de trabalho, do qual participaram os colaboradores Fabiana Silva Azevedo de Jesus, Júlio César de Abreu, Cleusa M. Zamparoni, Zuleika Alves de Arruda e Elizabeth Madureira Siqueira. De outro, todos os textos passaram por um processo de digitalização revestido de muito esmero e executado pelo técnico Júlio César de Abreu, que capturou e gravou todas as imagens através de digitalizadora adquirida com recursos do Ponto de Cultura (SECEL), o que beneficiou sobremaneira os trabalhos presentes e os que serão realizados futuramente.
Dunga sempre dizia: aqui em Cuiabá, uma festa resgata a outra, ela cumpriu até o final de sua vida esse princípio, tanto que se sentiu mal em um casamento de seu sobrinho neto, em Santos-SP. Durante o tempo que convivi com ela, estava sempre preparada para festas e muitos eventos, indo a todos, acompanhada de pessoas diferentes ligadas ao cinema, teatro, música, literatura, enfim, ela nunca deixava de comparecer a qualquer deles por falta de disposição. Como literata acho que ela e o pai foram pessoas que mais e melhor descreveram Cuiabá, seus hábitos, costumes, formas de viver e de pensar. Nisso sim, ela foi além da literatura usual e rebuscada da época. Dunga escreveu até os últimos anos de sua vida não só literatura, mas também diversas peças musicais. A presente obra é um tributo de agradecimento à Família Rodrigues, pela doação do acervo, e espacialmente à pessoa de Maria Benedita Deschamps Rodrigues (Dunga), pelo muito que fez por Cuiabá, cidade que nasceu, viveu e amou incondicionalmente, e também pelo contributo à cultura mato-grossense.
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