O mundo é grande pra nós tudo. Cada um
recorda na cabeça o que vem, o que pode
falar pro outro. O sujeito pega, fica com ele
ali. Pode contar.
(anônimo, apud, Maria Francelina Ibrahim
Drummond, in, Do Falar Cuiabano).


Os fatos quando registrados não sucumbem sob a névoa do esquecimento.

De modo que, olhos, mente e ouvidos são como um relicário a guardar o tempo e os fatos nele vividos, de maneira a perpetuá-los, pela oralidade e pela escrita, para que possam ser transmitidos às gerações futuras.

Lugar e tempo compõem, com os fatos, aquilo que chamamos de história.

Portanto, é a história desse lugar chamado Cuiabá e desse tempo de trezentos anos de sua existência que, de maneira fragmentária, buscarei rememorar.

Transcorria o século 17. A busca do ouro fazia com que bandeirantes paulistas adentrassem a vasta hinterlândia brasileira. Destarte, no transcurso das décadas de 1670 a 1680, o bandeirante Manoel de Campos Bicudo, na confluência dos rios Coxipó e Cuiabá, fundou um pequeno povoado, ao qual deu o nome de São Gonçalo.

Mais tarde, atraídos pela notícia da existência de grande população indígena (coxiponés, guaicurus, bororos e os destemidos paiaguás), a bandeira paulista comandada
por Pascoal Moreira Cabral, aportou ao local visando a captura de indígenas a fim de submetê-los a mão de obra escrava e, principalmente, a busca do ouro. Tendo ele, a fim de garantir o domínio da capitania de São Paulo, em 8 de abril de 1719, lavrado e assinado a Ata de fundação de Cuiabá, a princípio com o nome de Arraial de Nossa Senhora da Penha de França, mais comumente chamado de Arraial da Forquilha. Posteriormente, em 1722, outro bandeirante, Miguel Sutil, descobriu quantidade ainda maior de ouro às margens do córrego da Prainha, no entorno da colina do Rosário, denominando-a Lavras do Sutil, o que acarretou intenso fluxo de pessoas à região. Isso durou cerca de uma década.

No início de 1727, foi o Arraial elevado a Vila, com o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Tendo sido a Vila elevada à condição de cidade em 1818, tornando-se capital da província de Mato Grosso em 1835.

Continua...

 

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O período da pandemia foi muito triste para a Academia Mato-Grossense de Letras-AML, três membros foram infectadas com o novo coranavírus, contraindo a Covid 19. A presidente Sueli Batista que ficou em estado grave hospitalizada em São Paulo, Amini Haddad Campos que recebeu cuidados em casa e Marília Beatriz de Figueiredo Leite, ex-presidente da instituição que faleceu no dia 3 de julho.

Historiadora, escritora e funcionária pública, Vera Iolanda Randazzo nasceu em Caxias do Sul-RS, aos 21 de setembro de 1927, descendendo de Roberto Edmundo Randazzo e Cecília Campagnoni Randazzo. Seus estudos fundamental e médio foram realizados junto ao Grupo Escolar Municipal de Criuva-RS e no Colégio Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre -RS, e o superior incompleto em História, na Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.

Veio para Mato Grosso a partir de 1955, estado que adotou como seu e onde prestou relevantes serviços. Profissionalmente, ocupou os cargos de Oficial Administrativo da Biblioteca do Arquivo Público de Mato Grosso; Professora primária interina em Rosário Oeste, Diretora do Arquivo Público de Mato Grosso; Técnica em arquivista, pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso; Organizadora do Instituto Memória do Poder Legislativo, em seus primórdios; Membro da Comissão de Estudos de Fronteira, para exame de questões de milites entre os estados de Mato Grosso e Goiás; Autora do projeto de pesquisa das Leis no período de 1835 a 1889, apresentado à Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso.

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